The Age of Ra foi uma daquelas agradáveis surpresas que você encontra quando não está esperando. Estava passando pela Livraria Cultura da Paulista, dando uma olhada despreocupada pelos livros de ficção, quando esbarrei com essa capa. Provavelmente se só tivesse visto o nome teria ignorado, imaginando que era mais um romance histórico sobre o Egito antigo. Para ficar claro, adoro o Egito Antigo. Era um dos meus temas preferidos quando estudei História na PUC-Rio (na verdade, história antiga em geral). Mas já estou meio de saco cheio dos excessos de romances sobre o período (especialmente naqueles focados em Tutancâmon e Ramsés II) ou na fantasia que usa descaradamente o Egito antigo como temática.
Então, eu vi a capa do livro: Ra na parte de cima, o título e o autor, e um grupo de soldados hi-tech diante das Pirâmides de Gizé.
“Opa,” pensei. “Tem algo de diferente aqui!”
E tem mesmo.
The Age of Ra é o primeiro livro da série Pantheon que já inclui livros como Age of Zeus, Age of Odin, Age of Aztec e Age of Voodoo e já tem anunciados Age of Shiva e a coletânea Age of Godpunk com as novellas Age of Anansi, Age of Satan e Age of Gaia. A meu ver esse cara é uma máquina de escrever, até porque Pantheon não é a única série dele.
Cada livro da série é independente dos demais e tem como foco o fato de que, por alguma razão, tal religião ganhou poder na Terra (aparentemente em todos eles com esses deuses sendo entidades reais).
Em The Age of Ra o panteão egípcio derrotou todos os demais deuses durante uma guerra “invisível” que durou séculos. Na época em que a tumba de Tutancâmon foi descoberta o mundo foi reapresentado aos deuses do Antigo Egito como entidade bastante reais. Neste ponto, o mundo foi dividido entre os principais deuses do panteão, como, por exemplo, Set controlando boa parte da Ásia e Osíris controlando a Europa Ocidental. Por essa razão o planeta está em guerra constante, refletindo o conflito milenar entre os deuses do panteão egípcio.
O livro é narrado por dois pontos de vista: Ra, o deus-sol, pai de todos, que está tentando resolver a crise de sua família divina, e o Tenente inglês David Westwynter, herdeiro da única empresa com patente do jogo de tabuleiro senet (usado no Egito Antigo) e membro de uma tropa de elite em missão secreta no Oriente Médio (território da deusa Néftis). Só para se ter uma ideia, o primeiro capítulo envolve soldados com equipamento avançado saltando de paraquedas perto de Petra, bastões ‘laser’ carregados de energia divina (ao estilo Stargate), combates com foice e maça e múmias, aquelas que andam.
É uma história divertidíssima que traz humor de uma forma muito discreta ao longo de todo o romance, apesar de tratar de uma situação séria: Freegypt, o único país laico do planeta e um movimento anti-teocrático liderado por um sujeito misterioso conhecido como Lightbringer. Em paralelo à isso, os capítulos no ponto de vista de Ra conseguem transformar a representação divina e as bizarrices mitologia egípcia de forma que o panteão em muito lembra uma família altamente problemática em que o patriarca (Ra) faz o que pode para resolver todas as quarelas.
Pessoalmente eu imaginei um final melhor para o livro. Ele surgiu na minha cabeça lá pelo meio da história e eu realmente esperava que fosse essa a solução. Não foi (e não vou dizer qual foi esse final para não dar spoilers!), mas o final dado pelos James Lovegrove foi bom (apesar de que, no meu ponto de vista, não tão bom quanto o que eu imaginei).
Recomendo muito esse livro. Inclusive já coloquei os próximos livros da série na lista de livros a ler.
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A ideia é interessante, apesar de não ser original...
ResponderExcluirPelo menos nos quadrinhos ela já foi usada mais de uma vez.
Entretanto, fiquei com "medo" dos outros livros...
É muito "age of...".
Será que não é um monte de "mais do mesmo"?
Abraços!
Parece que o Age of Zeus é parecido (grupo de guerrilheiros lutando contra os deuses), mas os outros (segundo as sinopses) tem outro foco, como em Age of Odin onde mortais são convocados para lutar no Ragnarok e o Aztec que parece ser uma história policial.
ExcluirDe qualquer forma vou pegar o Aztec para quando tiver uma vaga na fila de livros.