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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Resultado da pesquisa

Algumas semanas atrás divulguei um questionário sobre as preferências em relação à ficção fantástica (ficção científica, fantasia e terror) e suas relações como livro, rpg e video games. Muita gente espalhou o questionário, que chegou a 194 respostas.

A pesquisa foi divulgada pelo Facebook por algumas pessoas, em grupos voltados aos três temas (livros, RPGs e video games) além de várias listas de emails com os mesmos temas.


Quanto ao perfil daqueles que responderam, a maioria (76%) fica na faixa de 18 a 35 anos (a divisão entre as três faixas etárias aqui é bem próxima uma da outra). 34% souberam do questionário através de comunidades de desenvolvimento de jogos, 23% de comunidades sobre ficção fantástica e 13% de comunidades relacionadas à RPG. Os outros fora chegaram por indicação de amigos.

Minha primeira surpresa é que a maioria esmagadora (64%) daqueles que responderam à pesquisa jogam video games ativamente. Apenas 11% não costuma mais jogar. Claro que ‘video games’ é um conceito bastante amplo hoje em dia. Incluem-se aqui tanto jogos de computador e consoles como Playstation e XBox, e ainda jogos de redes sociais, smartphones e tablets. É fato que o perfil ‘gamer’ foi ampliado em muito nos últimos anos devido a esses jogos ditos sociais e/ou casuais. O ponto importante aqui é que não só há o acesso a jogos eletrônicos, mas o interesse em jogá-los é grande.

Ou não. A pergunta seguinte tratava-se exatamente sobre história em jogos. Mais uma surpresa: a maioria gosta de jogos com história. 35% prefere jogos onde tem um personagem específico onde suas escolhas fazem a diferença, enquanto 34% preferem jogos abertos, onde existe um mundo onde eles mesmos criam suas histórias. 18% prefere jogos lineares, como um filme ou livro onde o jogador é o protagonista, mas onde a sequência de eventos é pré-definida.


Certo. Vamos para a questão dos livros. Outra surpresa: 89% gosta de ler ficção científica. Minha questão na surpresa é que é velha a discussão de que FC não vende (especialmente no Brasil).  Parece que 172 pessoas discordam disso. 77% diz gostar de fantasia e 43% de terror. Apenas 11% afirma não gostar de livros de ficção fantástica e 1 único indivíduo disse que não gosta de ler nada.

Agora, à questão que muitos autores lendo esse artigo vão querer saber: e eles lêem autores nacionais? 59% afirma que lê às vezes e 9% diz que o faz sempre. Apenas 2% diz aque jamais leria, enquanto 30% disse que nunca leu, mas não tem nada contra. Por que será que esses 30% nunca leram? Talvez eu devesse ter incluído um campo ‘por que não?’ aqui...

Última parte da pesquisa, com o foco em Role-playing Games. Entre aqueles que responderam, 81% joga ou já jogou RPG, sendo que a maioria (27%) não tem mais tempo de jogar e outros 23% só jogam “quando dá”. Isso não é tão novidade. Cruzando os dados com as idade você vê o que a indústria dos RPGs já percebeu: na medida em que o jogador envelhece, ele até continua comprando livros de RPG, mas tem dificuldade de jogar frequentemente com seus amigos, seja por incompatibilidade de horários, mudanças físicas ou falta de tempo.

O interessante aqui é que praticamente todos já jogaram ou teriam interesse em jogar. Apenas duas pessoas disseram que jamais jogariam RPG.

Quando vem a temática trazemos outra questão interessante. Eu dividi ficção científica em seus estilos propositalmente. Existe uma diferença bem grande entre um cyberpunk e uma ficção sobre combates espaciais, então quis deixar isso mais claro. Nas respostas, 78% jogam RPG de fantasia. Novamente, nenhuma surpresa aqui. Os dois sistemas mais famosos e mais vendidos (Dungeons & Dragons e Pathfinder) são exatamente sistemas com foco em fantasia.

Espacial vem em segundo, com 45% de votos, seguido logo depois de Cyberpunk e Terror (44% cada), depois Moderno e Histórico (42% cada). Entre ‘outros’ surgiram alguns mencionando jogos de Super-heróis e poucos com temática Steampunk.


RPGs de Terror sempre tiveram bastante popularidade com Call of Cthulhu e World of Darkness. Minha surpresa foi o número de votos para Espacial e Cyberpunk, possivelmente um reflexo da minha outra surpresa lá em cima, sobre a literatura de ficção científica. Que RPGs são esses? Star Wars provavelmente está entre esses sistemas. O novo sistema lançado dias atrás pela Fantasy Flight Games é novo demais para estar nessa lista, mas há versões anteriores do jogo, lançado pela mesma Wizards of the Coast do D&D. Sempre tive a impressão de que outros sistemas não eram tão populares no Brasil, como Shadowrun, Eclipse Phase, os RPGs do Warhammer 40k (Dark Heresy, Far Trader, etc), lembrando que esses dois últimos são também jogos de terror. Que RPGs espaciais seriam esses tão jogados? Quem sabe não é a adaptação do Véu da Verdade para Pathfinder! ;)

O resultado geral desta pesquisa é que uma grande parcela de jogadores de video game consomem sim ficção fantástica literária e gostam de RPG. Eles gostam de jogos com histórias e, inclusive, preferem ter ação sobre elas. Gostam muito de ler ficção científica, muito obrigado, e gostariam de jogar RPGs com esse tema se tivessem tempo. O número de pessoas que não joga video games, não tem interesse algum por literatura fantástica ou RPG é extremamente pequeno. 

Ao meu ver é um ótimo resultado. Gostaria, claro, de mais respostas, mas acho que já deu para ter uma boa ideia de que quem joga video game gosta sim de história e gosta sim de ler, e que, talvez, RPG não seja uma coisa tão obscura quanto se pensava.


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Dark Heresy

5 comentários:

  1. Muito interessantes os resultados! Em relação ao tal RPG espacial, pode ser o Space Dragon (que já reune uma boa base de fãs), o Abismo Infinito (que é horror mas é espacial também) ou o próprio Savage Worlds, que apesar de ter sido traduzido só recentemente, está sendo divulgado desde 2009 pelo Guilherme da Retropunk, com um fast play disponível e que permitiu acesso as one-sheet adventures da Pinnacle.

    GURPS sempre teve uma boa base de fãs por aqui também, e mesmo que o Space da 4a ed. não tenha aterrissado no Brasil, muita gente possui o livro da anterior e a Devir andou promovendo alguns encontros de GURPistas nos últimos meses.

    Fiquei curioso também para saber por que as pessoas nunca lerma literatura fantástica nacional (mas leriam!).

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    1. É verdade. Pensei no GURPS e no Savage Worlds como possibilidades por serem abertos, mas a minha maior surpresa foi o simples fato desse tema ser tão jogado.

      No caso do não leram, mas leriam eu imagino que seja porque nem sabiam que existia esse tipo de literatura. Vai entender, né?

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  2. Beraldo,

    Mas vale a pena lembrar que sua amostra é auto-selecionada, ou seja, apenas as pessoas interessadas toparam responder. Isso explicaria o baixo comparecimento de pessoas desinteressadas, ou que não leem FC, etc...

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    1. Com certeza. Na verdade eu já imaginava isso mesmo. O simples fato de terem respondido significa que existe algum interesse (é até supreendente que tenha tido quem respondeu e disse q não lê nem leria).

      A grande surpresa no caso é o cruzamento das respostas. Muita gente que respondeu não veio das comunidades de ficção fantástica, mas sim das de desenvolvimento de jogos, onde existe uma (talvez) lenda de que jogo com história não vende e que ninguém lê.

      Acredito que o mais importante dessa pesquisa foi o cruzamento do interesse entre literatura, video games e rpg, tudo com a temática da ficção fantástica.

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  3. Oi,

    Beraldo, eu repassei essa pesquisa para uma lista do Yahoo de jogadores do RPG de Star Wars. Se muita gente da lista tiver respondido a pesquisa, talvez eu tenha viciado a sua amostra :(

    Mariana

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