Ouvi falar da autora desse livro faz algum tempo, todas as vezes sendo elogiada. N.K. Jemisin é uma norte americana que estreou como autora de fantasia com The Hundred Thousand Kingdoms, que acabou por ser o primeiro livro da trilogia Inheritance (que também é o nome de uma trilogia de ficção científica militar do Ian Douglas, mas isso não vem ao caso).
The Hundred Thousand Kingdoms é um livro de fantasia com magia, deuses e castelos impossíveis, mas que foge do formato tolkeiano. As “outras raças” desse mundo são todas humanas, todas unidas (à força) sob a égide do deus Itempas, o Consortium de Nobres e a família Arameri. E é por aí que começa a diferença desse fantasia em particular.
Na história, a família Arameri, descendentes da líder religiosa do culto à Itempas, o deus da ordem e da luz, controla o mundo há mais de dois mil anos a partir de Sky, um palácio-torre que flutua sobre a cidade de mesmo nome. Os Arameri mantém o controle do mundo pelo simples fato de possuírem as mais poderosas armas de destruição em massa desse mundo: Os outros deuses que perderam a guerra contra Itempas.
O foco da história é exatamente esse. Dekarta Arameri, atual patriarca da família (e, portanto, líder de facto do mundo) está prestes a escolher seu sucessor. Acontece que sua única filha morreu no exílio, deixando apenas uma filha considerada bastarda pela família Arameri. É aí que entra a protagonista, Yeine Darr, mestiça, bárbara, convidada a viver no covil de serpentes que é Sky. Yeine não aceita deixar sua herança Darr para se tornar Yeine Arameri pelo poder e o luxo, mas para descobrir a verdade sobre a morte de sua mãe e, de certa forma, também a verdade sobre a vida de sua mãe. Quem era ela? Por que ela deixou Sky para viver no norte considerado primitivo?
Yeini logo conhece as “armas de destruição em massa” dos Arameni, os deuses derrotados por Itempas e mantidos como escravos da família, e sua história de busca pessoal e vingança logo se mistura a desses cativos.
O universo desse livro é bem interessante e vai sendo revelado aos poucos na medida em que a própria Yeine o descobre. A certo ponto a história se revela uma história de “o escolhido”, o que no primeiro momento me deixou com um pé atrás, mas que acredito que seguiu bem. Uma outra nota curiosa foi que em algum momento o relacionamento entre Yeine e o mais poderoso dos deuses cativos, Nahadoth, lorde da noite, me fez pensar em como Crepúsculo poderia ter sido interessante se o casal fosse de personagens bem feitos, com iniciativa e um certo nível de “cool factor”, como é o caso em The Hundred Thousand Kingdoms.
É um bom livro de fantasia que surpreende com algumas reviravoltas até o fim. Por estar cansado da premissa do "escolhido" não digo que o livro é excelente, o que não quer dizer que você não ache. Sugiro que leia e descubra por conta própria.
Parece que no mesmo ano (2010) saiu uma continuação que tem o foco mais nas “pessoas comuns” (enquanto no primeiro o foco era na nobreza e líderes do mundo). Pelo que li do trecho inicial pareceu até mais interessante do que este. Um dia eu o lerei.
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