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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Resenha: Kiss Me Twice

Descobri a autora Mary Robinette Kowal quase por acidente no início deste ano. Li uma referência ao seu livro Shades of Milk and Honey (algo como “Tons de Leite e Mel” em tradução livre), pesquisei sobre ela e perdi o interesse. Confesso: achei que fosse autora de livros de “mulherzinha”. Shades of Milk and Honey soou para mim como uma versão mais “para meninas” de Razão e Sensibilidade com a adição de magia.

Venho já me retratar: enquanto ainda (sim, porque está na minha lista) não li o Shades of Milk and Honey, descobri que a autora participa de um podcast chamado Writing Excuses com outros autores (entre eles Brandon Sanderson, de Mistborn e Way of Kings) onde, todas as Segundas-feiras, falam 15 minutos sobre algum tema relacionado à escrita de ficção. Depois de ouvir alguns dos programas (excelentes, diga-se de passagem), resolvi pesquisar mais sobre a autora. Ela não só já publicou dezenas de contos, como o próprio Shades of Milk and Honey foi nomeado para o Nebula de melhor romance de 2010. Foi quando entrei seu conto Evil Robot Monkey, curtíssimo, disponível online em seu site. Li, adorei.

Algumas semanas atrás o foco do Writing Excuses foi em edição de histórias de ficção, no qual Mary foi o centro, contando sobre o romance de ficção científica que tinha escrito em 2010. Temendo que não ia conseguir vender um livro de ficção científica logo depois de vender um de fantasia (já li que esse tipo de rótulo é bem comum nos EUA), ela resolveu reduzir o romance para uma novella (algo entre 17.000 e 40.000 palavras), que se tornaria Kiss Me Twice, publicado na Asimov’s de 2011.

Kiss Me Twice é uma história de ficção científica noir. Não diria que chega a ser cyberpunk no sentido clássico do termo porque acho que faltam certos elementos do estilo. A história gira em torno de dois personagens: Scott Huang, um imigrante Chinês morando nos EUA, detetive da polícia de Portland, e Metta, uma inteligência artificial que funciona como parceira de todos os detetives daquela delegacia. Enquanto a dupla chega para investigar o suposto assassinato de um milionário na cobertura de um antigo prédio destinado à renovação, alguém invade a delegacia e “sequestra” o computador onde fica Metta. Um backup é restaurado, mas ela não sabe nada que aconteceu nas últimas 24 horas.

A história não só explora esses dois crimes em paralelo, mas também o relacionamento entre os detetives e Metta (que assume personalidades ligeiramente diferentes com cada parceiro), mas também o comportamento de Metta, que “perdeu” 24 horas de sua vida e sabe que sua versão original ainda existe em algum lugar. E, se ela voltar, o que acontece com o backup?

Gostei bastante da ideia, da narrativa e dos personagens e serviu para me tirar o preconceito bobo com o tipo de autora que ela (supostamente) seria. Sugiro para quem tiver a oportunidade para visitar o seu site e conhecer o trabalho da autora.

Kiss Me Twice está disponível online no site da autora. Tem cerca de 27.500 palavras.

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2 comentários:

  1. Legal, não conhecia essa autora.
    Nessa linha de noir cyberpunk, um que vale a pena ler é o Altered Carbon, do Richard K. Morgan.

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  2. Olá João :)

    Gosto muito de FC noir. Apesar de achar que nunca li nada do gênero...

    Fiquei muito interessado nessa história. (Já está na minha lista de quisições, a revista, ou um pdf, se não encontrar para comprar).

    Costumava haver a Asimov's e outras revistas de gênero, como a Fantasy & Science Fiction, em uma livraria aqui perto. Mas o preço era um tanto salgado... Comprei uma F&SF que me custou €11,00... E com a crise e a baixa procura, pararam de vender as revistas importadas ali.

    Tenho acompanhado o seu blog, apesar de ainda não ter explorado o lugar todo (as outras abas).

    Parabéns.

    Abraços!

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