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sábado, 13 de julho de 2013

Ebooks, Apps Store e Dois Canos Fumegantes

A Internet está cheia de artigos sobre "a nova moda" literária brasileira: os ebooks.

Em 2006, no auge da bolha do d20 (um sistema aberto de RPG, que permitia que qualquer um publicasse material para o famoso Dungeons & Dragons), eu crie a editora Eridanus Books. De lá para cá produzir um pouco mais de um ebook de RPG por ano, tendo um retorno bem interessante vendo apenas em dois mercados: o site da editora Paizo e o site de vendas de ebooks RPGNow.

Mas e ficção? Vende?

O mercado no exterior já está bem solidificado. Existem várias notícias sobre autores ganhando fama através da autopublicação, de autores já consagrados lançando seus livros gratuitamente em ebooks, e até um ou outro se sustentando exclusivamente com a venda de ebooks. Alguns meses atrás baixei alguns desses ebooks amadores, curioso sobre a qualidade. O que eu vime surpreendeu. Infelizmente de forma ruim. Um ebook de fantasia com notas altas provou-se uma colcha de retalhos de materiais diversos, com referências explícitas a trabalhos literários como Game of Thrones e de jogos como Elder Scrolls e World of Warcraft. Somando ao peso negativo, há pouco uma autora australiana que vinha vendendo bem na Amazon foi "descoberta" usando o mapa e nomes de cidades e reinos do World of Mystara, um dos universos criados pela extinta TSR para o Dungeons & Dragons. Para piorar, a autora também tem usado ilustrações de TSR e da Paizo para compor as capas de seus livros.

Subitamente tornou-se tão fácil produzir esse tipo de material que você encontra muita gente produzindo sem ter experiência prática (ou, em alguns casos, noção) do que se deve ou não fazer.

Bizarramente essa situação vincula todos os 3 assuntos desse blog.

  • Nos RPGs, a enxurrada de produtos d20 em ebook;
  • Na Literatura, uma enxurrada de ebooks autopublicados na Amazon;
  • Nos video games, uma enxurrada de jogos na web e na App Store.
A enxurrada em todos esses três mercados significou um excesso de produtos de baixa qualidade soterrando o que há de melhor. A App Store (onde são comprados produtos para iPhone e iPad) está lotada de produtos gratuitos que são pouco mais do que cópias de outros produtos mais conhecidos, o que faz com que novos jogos e aplicativos, por melhor que sejam, se percam me meio ao excesso de baixa qualidade.

O mesmo fale para os ebooks da Amazon?

Acho curioso que no caso de ebooks de RPG vendem bem apesar de ainda existir essa grande quantidade de produtos, em especial agora que outras editoras começaram a abrir seus próprios sistemas à produção de terceiros (como o Savage Worlds e o Mutants & Masterminds). Não há um mês, mesmo aqueles em que eu não faço propaganda alguma ou publique qualquer material em que eu não venda ao menos 50 dólares. Pode parecer pouco, mas estou falando de investimento zero, baseado na venda de produtos no ar há mais de seis meses (mais de 1 ano na maioria das vendas).

Bom, espero voltar para contar mais em breve. Hoje de madrugada foi ao ar meu primeiro conto em ebook, Ecocracia. É uma sátira sobre o Brasil e o brasileiro, um conto sobre um cara comum que vive em São Paulo, mas uma São Paulo diferente, em um Brasil governado por extremistas ecológicos. A inspiração veio de uma partida divertidíssima de Civilization: Call to Power em que a ecocracia brasileira sob o meu comando acabou dominando o mundo.

O preço? Irrisório. R$1,99 na Amazon brasileira, $0.88 na Amazon americana. O importante é descobrir se funciona.

Tenho mais material para ir ao ar em breve. Vou dar um espaço entre esse e o próximo conto, para ver o efeito de ter um produto único primeiro.

Agora é ver no que dá.



Links:
Ecocracia na Amazon Brasil (R$1,99)
Ecocracia na Amazon EUA ($0.88)
RPGNow
Paizo

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