Eu comecei a escrever resenhas por dois motivos: primeiro porque me faz organizar minha visão crítica da grande quantidade de livros que eu leio por ano; segundo para servir de força motriz por trás deste blog. Não que eu me considere um crítico literário. Nem sou nem quero ser. Sou leitor e sou escritor, ponto. Mas, além disso me ajudar como escritor, acredito que é muito mais válido produzir resenhas de livros e divulgar estas obras do que escrever abobrinha que ninguém quer saber.
Da primeira resenha em Julho para cá esse trabalho começou a chamar um pouco de atenção, tanto que mês passado um escritor me pediu para fazer uma resenha do seu livro, o qual recebi duas semanas. O nome do livro: Farei meu destino do escritor carioca Miguel Carqueija.
Não conheço o Carqueija pessoalmente, mas ambos fazemos parte do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC) e já discutimos assuntos diversos aqui e ali, mas parando para pensar eu só sei mesmo três coisas sobre o Carqueija:
1. Ele escreve e publica muito na web;
2. Ele é Cristão devoto;
3. Ele gosta bastante de Sailor Moon.
Curiosamente (ou não) os pontos 2 e 3 poderiam resumir o perfil do livro alvo dessa resenha.
No prefácio do livro, escritor por Cesar Silva, fica logo claro: este livro é inspirado em animações japonesas (animé), o que fica extremamente claro lendo o livro. Foi difícil não lê-lo sem imaginar os personagens de olhos enormes, saias curtas e coloridas fazendo expressões faciais exageradas. Não é demérito nenhum, para ficar claro. Pessoalmente eu até hoje só gostei de dois animés que assisti, Cowboy Bebop e Robotech/Macross, mas, como ficou claro logo de cara que era esse o formato buscado pelo autor, não faria sentido algum criticá-lo.
A história se passa em um futuro não especificado que parece estar se recuperando de uma guerra pós-apocalíptica. A única referência de tempo dada é que a história se passa oitenta anos após uma desastrosa “Guerra Calórica”. A não ser que isso se refira à moda atual de atletas de fim de semana naturebas que frequentam academias, imagino que a história se passa pelo menos 100 anos no futuro. Inclusive, aproveitando o ensejo, nomes de personagens, lugares e fatos históricos seguem esse formato “esquisito”, meio inocente, que é bem comum em alguns animés.
No livro, um grupo de seis meninas planeja e consegue escapar de um orfanato isolado onde são maltratadas pela diretora e professores. Como é de se esperar de um livro baseado em animés de ação, as seis meninas escapam em meio a situações impossíveis usando roupas de ninja e brandindo bastões. Desde ponto em diante elas seguem para conhecer o mundo além dos muros do orfanato em busca do Padre Montezuma, antigo amigo da líder da rebelião. Acusadas de assassinato e destruição, elas são perseguidas pela polícia e a madre superiora, que logo revela-se ter muito mais influência além do orfanato do que se podia imaginar.
Seguindo essa premissa e a ideia de ser inspirado em um desenho como Sailor Moon eu poderia dizer que é um livro infanto-juvenil que eu até passaria para minha filha ler.
Primeiro se refere ao linguajar usado. Palavras “difíceis” estão espalhadas por todo o livro, muitas que nem eu conheço. Segundo que o livro aborda explicitamente de temas bastante sérios, como tortura, prostituição infantil e estupro. Uma menina que chegasse ao final do primeiro capítulo provavelmente ficaria traumatizada para o resto da vida.
Aí entra minha dúvida sobre a intenção do autor. Eu sei que animés não são sempre desenhos para crianças, mas a narrativa do livro, os personagens, o foco no “amor como o poder maior que cura tudo”, e até mesmo a inocência e espontaneidade com que certas situações acontecem me soaram muito como uma história infantil. O mesmo vale para a superficialidade de alguns dos (muitos) personagens. Mas esses dois elementos acima acabam por tornar a história completamente inviável para qualquer adolescente (e talvez até para alguns adultos).
Pessoalmente o livro não me desceu bem. Pode ter sido por não gostar de animé. Pode ter sido pela mistura que para mim soou estranha, de personagens, diálogos e situações infantis misturadas a fatos e temas obviamente adultos. Não sei bem. Só sei que tenho dificuldade de recomendar esse livro para qualquer um que não seja maduro o suficiente e goste de animé, mas sempre deixando bem claro que pessoalmente não gostei do livro.
Links:
Site do livro (Giz Editorial)
Site CLFC
Animé na Wikipedia
Abertura de Sailor Moon
Abertura de Cowboy Bebop
Abertura de Robotech / Macross
Nenhum comentário:
Postar um comentário