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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Resenha: Farei Meu Destino

Eu comecei a escrever resenhas por dois motivos: primeiro porque me faz organizar minha visão crítica da grande quantidade de livros que eu leio por ano; segundo para servir de força motriz por trás deste blog. Não que eu me considere um crítico literário. Nem sou nem quero ser. Sou leitor e sou escritor, ponto. Mas, além disso me ajudar como escritor, acredito que é muito mais válido produzir resenhas de livros e divulgar estas obras do que escrever abobrinha que ninguém quer saber.

Da primeira resenha em Julho para cá esse trabalho começou a chamar um pouco de atenção, tanto que mês passado um escritor me pediu para fazer uma resenha do seu livro, o qual recebi duas semanas. O nome do livro: Farei meu destino do escritor carioca Miguel Carqueija.

Não conheço o Carqueija pessoalmente, mas ambos fazemos parte do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC) e já discutimos assuntos diversos aqui e ali, mas parando para pensar eu só sei mesmo três coisas sobre o Carqueija:

1. Ele escreve e publica muito na web;
2. Ele é Cristão devoto;
3. Ele gosta bastante de Sailor Moon.

Curiosamente (ou não) os pontos 2 e 3 poderiam resumir o perfil do livro alvo dessa resenha.

No prefácio do livro, escritor por Cesar Silva, fica logo claro: este livro é inspirado em animações japonesas (animé), o que fica extremamente claro lendo o livro. Foi difícil não lê-lo sem imaginar os personagens de olhos enormes, saias curtas e coloridas fazendo expressões faciais exageradas. Não é demérito nenhum, para ficar claro. Pessoalmente eu até hoje só gostei de dois animés que assisti, Cowboy Bebop e Robotech/Macross, mas, como ficou claro logo de cara que era esse o formato buscado pelo autor, não faria sentido algum criticá-lo.

A história se passa em um futuro não especificado que parece estar se recuperando de uma guerra pós-apocalíptica. A única referência de tempo dada é que a história se passa oitenta anos após uma desastrosa “Guerra Calórica”. A não ser que isso se refira à moda atual de atletas de fim de semana naturebas que frequentam academias, imagino que a história se passa pelo menos 100 anos no futuro. Inclusive, aproveitando o ensejo, nomes de personagens, lugares e fatos históricos seguem esse formato “esquisito”, meio inocente, que é bem comum em alguns animés.

No livro, um grupo de seis meninas planeja e consegue escapar de um orfanato isolado onde são maltratadas pela diretora e professores. Como é de se esperar de um livro baseado em animés de ação, as seis meninas escapam em meio a situações impossíveis usando roupas de ninja e brandindo bastões. Desde ponto em diante elas seguem para conhecer o mundo além dos muros do orfanato em busca do Padre Montezuma, antigo amigo da líder da rebelião. Acusadas de assassinato e destruição, elas são perseguidas pela polícia e a madre superiora, que logo revela-se ter muito mais influência além do orfanato do que se podia imaginar.

Seguindo essa premissa e a ideia de ser inspirado em um desenho como Sailor Moon eu poderia dizer que é um livro infanto-juvenil que eu até passaria para minha filha ler.

CALMA! Não faça isso! Duas coisas impedem esse livro de poder atingir esse público.

Primeiro se refere ao linguajar usado. Palavras “difíceis” estão espalhadas por todo o livro, muitas que nem eu conheço. Segundo que o livro aborda explicitamente de temas bastante sérios, como tortura, prostituição infantil e estupro. Uma menina que chegasse ao final do primeiro capítulo provavelmente ficaria traumatizada para o resto da vida.

Aí entra minha dúvida sobre a intenção do autor. Eu sei que animés não são sempre desenhos para crianças, mas a narrativa do livro, os personagens, o foco no “amor como o poder maior que cura tudo”, e até mesmo a inocência e espontaneidade com que certas situações acontecem me soaram muito como uma história infantil. O mesmo vale para a superficialidade de alguns dos (muitos) personagens. Mas esses dois elementos acima acabam por tornar a história completamente inviável para qualquer adolescente (e talvez até para alguns adultos).

Pessoalmente o livro não me desceu bem. Pode ter sido por não gostar de animé. Pode ter sido pela mistura que para mim soou estranha, de personagens, diálogos e situações infantis misturadas a fatos e temas obviamente adultos. Não sei bem. Só sei que tenho dificuldade de recomendar esse livro para qualquer um que não seja maduro o suficiente e goste de animé, mas sempre deixando bem claro que pessoalmente não gostei do livro.

Links:
Site do livro (Giz Editorial)
Site CLFC
Animé na Wikipedia
Abertura de Sailor Moon
Abertura de Cowboy Bebop
Abertura de Robotech / Macross

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