Em meio a essa confusão fui pesquisar listas de Space Opera recente. Esbarrei com um tópico de 2010 no forum SFFWorld.com com uma pessoa procurando Space Opera. Então esbarrei com uma pessoa de apelido E_moon criticando que alguns dos livros indicados não são Space Opera, mencionando seu ponto de vista sobre o que é Space Opera. Então alguém perguntou "Por que, Elizabeth?", no qual E_moon deu exemplos dos seus próprios livros.
Opa... E_Moon... Elizabeth... escritora de ficção científica... Era Elizabeth Moon, autora norte americana de dezenas de livros de ficção científica e fantasia, entre eles a série que ela considera "space opera de verdade", The Serrano Legacy (que está sendo vendida na Amazon inteira, 1000 páginas por $9). Na discussão ela critica a tal New Space Opera como uma jogada de marketing criada por editores britânicos e que, como eu disse, é mais uma "Hard SF soft" do que Space Opera de verdade.
Bom saber que eu não sou o único com essa opinião!
Agora voltando ao assunto do tópico: a FC Militar.
Enquanto o post anterior falava a versão mais Space Opera da FC militar, esse post fala do oposto.
Talvez você nunca tenha ouvido falar de Ian Douglas. Esbarrei com sua primeira trilogia em 2003 numa livraria nos EUA. A premissa chamou minha atenção e resolvi comprar, curioso sobre o no autor. Só depois fui descobrir que Ian Douglas é pseudônimo de outra pessoa: William H. Keith, Jr.
Além de colecionar pseudônimos (são quase 10), William H. Keith já publicou quase 100 romances, entre eles seis romances de Battletech (inclusive o primeiro, Decision at Thunder Rift, de 1985), dois romances de Dr. Who, um de Babylon 5, dois de Buck Rogers, um de Star*Drive, 14 baseados em histórias dos Navy Seals, além de vários manuais de video games como Fallout, Baldur's Gate e Riven. Pouca coisa, né?
Mas o pseudônimo Ian Douglas é especializado em FC Militar do tipo hard. São 3 séries até o momento: Galactic Marines (9 livros), Star Carrier (4 livros) e Star Corpsman (a mais recente, por enquanto com 2 livros).
O foco em todos é o mesmo: militares norte americanos no futuro altamente tecnológico descobrindo (e enfrentando) a realidade de um universo cheio de vida. Todos têm elementos incríveis de tecnologia futura e como essas tecnologias afetam a vida. E, apesar de existir vida alienígena, ela raramente é humanoide e mais raramente ainda é compreensível.
Star Carrier se passa no século 25 e o foco é em uma frota da "Confederação Terrena", baseada no "porta-naves espacial" América em missão contra um império alienígena. Mas não é um império no sentido clássico, pois estamos falando de FC Hard. A humanidade descobriu algumas espécies alienígenas autoconscientes (nenhuma delas humanoide, até o 2o livro, pelo menos), todas subserviente a um grupo ou espécie chamada Sh'daar. Os Sh'daar passam um ultimato à humanidade (assim como fez com as outras espécies): abandonar a pesquisa de certos campos tecnológicos (genética, robótica, informação e nanotecnologia). O tema da série é a singularidade tecnológica e os riscos de uma espécie atingi-la.
Já Star Corpsman tem um formato diferente: tem um único protagonista contanto a história, um médico da Marinha designado para uma força de reconhecimento dos fuzileiros do século 23. Enquanto as outras séries falam de conflito direto (mesmo que difícil), nesta o plano é se esconder. A Humanidade descobriu uma estação automatizada que serve de "biblioteca galáctica" e conseguiu traduzir o suficiente para compreender que boa parte da Galáxia foi uma vez controlada por uma espécie de império ou aliança que está em decadência há séculos, e que os fragmentos desse "império" não são nada amistosos. Novamente nada de alienígenas humanoides nessa série até agora.
Todas as três séries tem elementos semelhantes clássicos da FC hard:
* O efeito tecnológico da sociedade humana, em especial viagens entre sistemas estelares, nanotecnologia e computadores implantados ligados todo o tempo em rede;
* Uma humanidade dividida, com conflitos armados e resistência em formar um governo único;
* Alienígenas alienígenas. Não são humanos de roupas estranhas. Até mesmo a comunicação é difícil, pois eles pensam de forma diferente, o que leva a vários conflitos ao longo das séries.
* Política vs. Militares
Esse último ponto é importante, pois aparece sempre. Os políticos sempre estão em oposição aos militares e, enquanto em todas as séries os personagens deixam claro que são contra ditaduras militares, fica forte o argumento de que jogos políticos tornam a "defesa da nação/espécie" difícil. E há um sentimento de "Fuzileiros americanos são demais" reforçado o tempo todo, especialmente na primeira série, que acaba se tornando chato, mas é ignorável.
FC Militar é Space Opera? Ian Douglas está aí para provar que não.
Será que existe um meio termo? Existe.
Semana que vem falarei sobre Star Citizen, um autor alemão fazendo sucesso na Amazon e o brasileiro Roberto de Sousa Causo.
Até lá.
espero ver sobre o brasileiro ;)
ResponderExcluirTambém espero.
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