Muita gente me perguntou sobre o que existe no Brasil, então resolvi trocar a ordem original dos posts. E, antes que reclamem, isso aqui não é um artigo profundo sobre a FC militar brasileira. É apenas parte dos meus pensamentos enquanto busco a space opera contemporânea. Devem existir outros autores por aí, que talvez você conheça e eu nunca tenha ouvido falar (apesar de eu ser bem ligado à produção nacional). Hoje mesmo li um artigo em um blog sobre a "história da ficção científica brasileira" que mencionava como grandes nomes um sujeito que eu nunca ouvi falar e outro que eu sei que nunca publicou livro. Vai entender.
Bom, mas vamos lá! Produção nacional. Acho que é difícil falar de FC militar nacional e não falar de Roberto de Sousa Causo. Causo já publicou bastante coisa nos últimos anos por algumas das principais editoras de gênero (Devir e Draco principalmente), mas tem começado a consolidar o desenvolvimento do seu universo GalAxis, especialmente depois da publicação do romance Glória Sombria em 2013 e o site do universo ficcional no mesmo ano. A série conta ainda com contos publicados em diversos outros livros.
A ideia é muito semelhantes às de Ian Douglas: um futuro distante onde a humanidade não está unificada sob uma única bandeira, e espalhou-se pela Galáxia até encontrar-se com seres alienígenas. Acredito que no geral as histórias da série GalAxis pendem mais para a FC Hard do que para a Space Opera. Causo tem bastante cuidado para basear suas cenas e tecnologias em ciência real e, enquanto não me lembro nada específico, acredito que existam aqui e ali elementos que pendam mais para a Space Opera "tradicional".
GalAxis explora duas série paralelas: a do oficial da Frota Latinoamericana Jonas Peregrino e a da caçadora de recompensas Shiroma (que por enquanto aparece apenas em contos). Das histórias que li, tudo gira em torno do conflito entre a humanidade e uma raça alienígena denominada Tadais, que usam uma frota de naves-robô, e o pano de fundo do conflito político com os demais governos humanos. Ao longo do livro e dos contos mais de uma vez os personagens precisam lidar com a intromissão de europeus e norteamericanos nas operações latinoamericanas. É interessante exatamente por dar esse ponto de vista diferente para a narrativa.
Para o meu gosto Causo abusa dos termos técnicos (especialmente militares), mas é uma barreira que não é tão difícil de vencer após o primeiro contato.
Ainda na Space Opera, a Draco publicou dois livros com esse nome (e há um terceiro a caminho). Enquanto nem todos os contos são FC Militar, um deles, do próprio Gerson, se destaca no primeiro livro. No segundo livro da série há, inclusive, um conto da GalAxis, de Causo.
Enquanto pessoalmente não gosto de todos os contos dos dois livros Space Opera já publicados, acho que o conjunto da obra vale a pena. O primeiro livro inclusive conta com Pendão da Esperança, de Flávio Medeiros Jr, merecidamente premiado com o Argos em 2012.
E a busca continua. Nessa quinta-feira: autores amadores ganham espaço com a publicação autônoma de FC militar.
Links relacionados:
GalAxis
Taikodom: Crônicas
Antologias Space Opera
Mais uma vez, obrigado pela lembrança, Beraldo. Eu acho que minhas duas séries dentro do universo GalAxis são bem space opera para os padrões atuais.
ResponderExcluirTambém teria dificuldade em apontar outros autores de FC militar/space opera militar... Antes das antologias de Hugo Vera & Larissa Caruso para a Draco, houve um projeto coletivo coordenado por Rogério Amaral Vasconcellos, o projeto Slev, mas não sei dizer se era uma space opera militar. Marcelo Galvão me disse que o texto dele numa das antologias Space Opera é o começo de uma série de space opera militar. E talvez você pudesse citar o romance "Horizonte de Eventos", do Jorge Luiz Calife...
Quanto à FC militar fora da space opera, eu apontaria minhas novelas "O Par" (invasão alienígena) e "Selva Brasil" (uma história alternativa), a noveleta "Patrulha para o Desconhecido" (alienígenas sinistrados na Terra) e o conto "Brasa 2000" (guerra futura com a Argentina), este último recentemente publicado em Cuba e chamado pelo organizador da antologia, Raúl Aguiar, de cyberpunk.
Oi, Causo! Não mencionei o Selva Brasil porque, apesar do artigo ser sobre FC militar, meu foco é ainda na space opera. Vou dar uma olhada nesses outros livros que você mencionou no fim.
ResponderExcluirCheguei a conhecer o Rogério e o Slev anos atrás e li um dos livros da série. Realmente não me lembrava. Tenho ele aqui em algum lugar.
Até hoje não li os livros do Calife. Pessoalmente os contos dele não me animaram muito a isso, mas os livros estão na lista de "livros a ler"
por que não tem mulheres na lista? pergunta genuina mesmo.
ResponderExcluirSó conheço uma mulher que escreve FC Militar e é a Elizabeth Moon, que eu mencionei no post anterior. Ainda não li nada dela, mas tenho a trilogia The Serrano Legacy no meu ipad na lista de livros. Segundo ela essa série é "space opera de verdade".
ResponderExcluirNão conheço nenhuma mulher escrevendo FC Militar no Brasil, o que não quer dizer que não exista. Mas há contos de autoras nos dois livros Space Opera da Draco.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirDe Elizabeth Moon li, dentro dessa série sobre a oficial Heris Serrano, "Hunting Party" (1993), que não apresenta operações militares -- a personagem deixou a força e está comandando um iate espacial de uma ricaça que pensa apenas em equitação (muitos detalhes sobre esse esporte). Achei interessante, mas sem empolgar. Qualquer mulher que tenha servido no Marine Corps, como Moon, merece meu respeito, de qualquer modo. O enredo trata de uma caçada humana por esporte -- tema bem pulp, que entrou na moda mais recentemente (Jogos Vorazes e tudo aquilo).
ExcluirDizem que "Ancillary Justice" (2013), badalado romance de Ann Leckie, é uma space opera com elementos militares. Estou lendo agora (é um finalista do Hugo deste ano). Eu gosto mesmo da série The Wess'har Wars, de Karen Traviss, uma ex-jornalista de assuntos militares e policiais. Mas o aspecto militar nem sempre é central (a série também é uma FC antropológica/xenológica).
No Brasil a Larissa Caruso escreve space opera, mas puxa mais para uma coisa colorida e cômica tipo Men in Black, sem nada de militar.
Uma blogueira que resenhou o meu "Selva Brasil" deixou claro que temas militares não são a praia dela -- talvez a maioria das nossas escritoras também vá por aí... É compreensível.
De resto, embora haja um número vasto de brasileiros e brasileiras que servem ou serviram nas Forças Armadas Brasileiras, pouco existe de ficção militar escrita aqui -- queixa até de um intelectual como Boris Schnaiderman, que foi pracinha e reclamou da falta de literatura tupiniquim sobre a II Guerra Mundial.
pergunto isso pq na coletânea universo desconstruído, tem conto de fc militar. não lembro quantos, mas tem e a coletânea é ótima. mas vejo que pouca gente conhece.
ResponderExcluirobrigado por responder, fera.
Tres partes de um trecho de um autor gaúcho inêdito:
ResponderExcluirhttp://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/4216747
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/4269313
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/4275435
Para apreciação.