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sábado, 5 de abril de 2014

Procura-se Space Opera Literária, preferencialmente viva

Vez ou outra surgem discussões sobre Ficção Científica. Tal coisa é ficção científica? O que é melhor: FC Hard ou Space Opera? Space Opera é coisa de criança?

Como em todo assunto (de futebol à educação escolar), muita gente tem opiniões fortes sobre esses assuntos. Eu gosto do lado aventuresco da Space Opera (mais conhecidos hoje em dia pelos filmes e seriados como Star Wars, Firefly e Riddick), mas gosto de um certo nível de ciência e personagens bem construídos, o que no geral elimina boa parte da space opera "clássica", como na época do Buck Rogers e Perry Rhodan (pelo menos nos livros antigos).

Mas a questão é que meu gosto pela ficção científica veio de fontes incomuns: assistir o primeiro Star Wars e jogar o primeiro Wing Commander, isso lá com meus 11-12 anos. Os dois primeiros livros que li em inglês foram End Run (baseado no próprio Wing Commander) e a coletânea já clássica I, Robot, do Asimov. Junto aos romances de fantasia das Crônicas de Dragonlance, inspirados no cenário de Dungeons & Dragons do mesmo nome, foram o que me incentivaram a ler e, eventualmente, escrever. Sim, foram video games e RPGs que me deram vontade de ler livros. Quem diria!

Nesses mais de 20 anos desde então já li muita coisa. Meus gostos foram mudando, claro, e acabei absorvendo muito de diversas fontes, em especial (de novo) a experiência jogando video games e RPGs de ficção científica, até resolver escrever em 2004 meu primeiro livro, Véu da Verdade, que é pura space opera aventuresca, inspirada descaradamente numa mistura de Firefly com Star Wars (mas com, acredito eu, sua própria identidade).

Recentemente surgiu a oportunidade de relançar o Véu da Verdade em uma nova edição. Claro que resolvi reler e reescrever alguns trechos, afinal o meu eu de 10 anos atrás tinha menos experiência em narrativa. Sob ameaça de antigos leitores, que disseram que boicotariam o lançamento se eu mudasse o formato original, mantive praticamente tudo fora a forma aqui e ali, e ainda acrescentei um capítulo a mais na jornada dos personagens. Revisitar o Véu da Verdade me motivou a escrever mais neste mesmo mundo, inclusive com um conto ou outro saindo em antologias como a Brinquedos Mortais da Draco e a Sagas 4 da Argonautas. Me empolguei e fui à caça de inspiração no que há de mais novo nesse tipo de Space Opera.
E não a encontrei.

Veja bem: não é difícil encontrar referências à space opera aventuresca nas mídias visuais. Star Wars, Firefly, Quinto Elemento, Cowboy Bebop, mesmo desenhos da minha infância como Galaxy Rangers! Mas onde estão os livros e contos de space opera com caçadores de recompensas, pilotos destemidos e piratas intergalácticos? Será que simplesmente não existe mais interesse nesse tipo de obra?

Joguei a questão em alguns grupos de discussão no Facebook e, apesar de algumas pessoas levantarem a mesma questão, a maioria das referências que me passaram eram FC militar, que quase sempre se aproxima mais da FC Hard do que de qualquer outra coisa, ou a dita New Space Opera, que mais me lembra uma mistura de FC Hard (com foco nas ciências físicas realista) e a FC Soft (com foco nas ciências humanas realistas). E vieram, claro, as agressões veladas, que davam claramente a entender que Space Opera é uma FC imatura, que a maioria das pessoas eventualmente "deixa de ser criança e passa a gostar de FC Hard". Ser adulto significa deixar de gostar de uma boa aventura? Bom, nem vou entrar nesse mérito. Já fui julgado imaturo porque trabalho fazendo jogos e escrevendo FC & F, mesmo que sustente minha família há anos fazendo isso.


Essa questão me fez repensar o que eu gosto tanto na space opera. O que faz com que filmes e séries desse estilo sejam tão assistidos? Será que são só os efeitos especiais? O que me fascinou tanto em ver TIE Fighters caçando a Millennium Falcon em meio aos asteroides de Hoth, ou na destruição da TCS Tiger's Claw por caças Kilrathi camuflados? Enquanto a maioria das crianças queria ser cowboy ou astronauta, eu queria ser um caçador de recompensas intergaláctico. Vai ver é por isso que eu gostei tanto de Firefly...



Então comecei a reler, rever e anotar tudo o que podia sobre o gênero e suas nuances. Fui até a FC Militar, voltei para as séries dos últimos 10 anos e analisei técnicas de roteiro de TV. Talvez tenha chegado em algum lugar. Ou não.

Aos poucos vou postar no blog minhas análises e impressões, começando pela FC Militar, de Ian Douglas à Roberto Causo, de Wing Commander 1 à Star Citizen. Vejamos onde chego com isso.

5 comentários:

  1. TAmbém curto muito Space Opera. Gostar de diferentes estilos literários aprimora sua capacidade de leitura e, consequentemente, de escrita. abs. Carlos Klimick

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  2. Obrigado, povo. E as discussões continuam rolando! (E não só nos grupos os quais eu faço parte).

    Aproveitem para dar uma olhada no artigo seguinte, sobre a primeira análise, da FC Militar "space opera" (focando em Star Wars e Battletech).
    http://www.jmberaldo.com/2014/04/a-fc-militar-parte-1.html

    E hoje, mais tarde, a FC militar mais Hard SF do Ian Douglas

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  3. Tenho algumas sugestões: http://sarracena.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html

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